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“A última batalha de ACM

Esta manhã, depois de ter sido visitado pelos colegas Renan Calheiros (PMDB-AL) e José Sarney (PMDB-AP), o senador Antonio Carlos Magalhães (DEM-BA) olhou para uma das enfermeiras que o atendem na UTI do Instituto do Coração (INCOR), em São Paulo, e o perguntou abatido:

– Eu não vou ter mais condições de sair daqui, não é mesmo?

Em seguida começou a delirar e foi entubado pelos médicos. Delirou por pouco mais de 20 minutos. Recobrou a consciência. A hemodiálise diária faz o que os rins já não conseguem mais fazer. O intestino começou a pifar. O coração está cada vez mais fraco.

O estado de saúde dele agravou-se nas últimas 48 horas. Antes, os médicos cogitavam de lhe dar alta. ACM ainda ficaria se recuperando por mais três ou quatro dias em um apartamento do INCOR ou do Hotel Maksoud Plaza. Voltaria à Bahia. Ele fará 80 anos em 4 de setembro próximo.

Está dividida a opinião da equipe de oito médicos que cuida dele. Há os que acham que ACM ainda poderá se recuperar caso o intestino volte a funcionar. Há os que não acreditam mais nisso. A mulher dele, dona Arlete, os dois filhos (Junior e Teresa) e os oito netos já estão em São Paulo.

ACM está internado no INCOR há 30 dias. É a quinta vez que ele se interna ali desde março último. Nas quatro primeiras, de alguma forma ele comandava os procedimentos médicos. É formado em medicina, embora jamais tenha exercido a profissão.

Dava palpites no seu tratamento, reclamava dos médicos quando discordava da opinião deles e quase sempre estipulava o prazo de sua permanência no hospital. Alegava ter compromissos na Bahia ou em Brasília. Recusou-se a fazer hemodiálise. Acabava impondo sua vontade.

Dessa última vez, não. O coração já não bombeava sangue suficiente para irrigar os rins. Submeteu-se de imediato a uma hemodiálise – e no dia seguinte teve arritmia e queda de pressão. O coração chegou a bater 170 vezes por minuto. A média ficou em 120. A pressão caiu a 7 por 4.

Sem poder mais tomar sedativos, ACM recebeu choques no coração para que ele voltasse a bater normalmente. “Vamos rezar para que ele resista”, sugeriu um dos médicos do INCOR em conversa com um parente do senador. “Foi um exame duro, muito duro”, admitiu depois o próprio ACM.

Há mais ou menos 10 dias, quando foi visitado por Tasso Jereissati (PSDB-CE), ACM lhe pediu que fizesse um discurso no Senado exaltando sua ligação com a Bahia. Jereissati fez. Ao receber, hoje, Renan e Sarney, ACM disse a eles que havia falado por telefone com senadores do DEM.

– Você vai sair dessa – garantiu a Renan, enrolado na história do lobista de empreiteira que pagou parte de suas despesas com a ex-amante Mônica Veloso, mãe de uma filha dele.

De tantas em que se meteu, ACM sabe que essa é sua mais dura batalha – e talvez a última. E ainda não perdeu a esperança de vencê-la. “Quero viver, quero viver”, repetiu ele no fim desta tarde quando avistou um dos netos.”

Fonte: Blog do Noblat, hoje.

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