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Contradições à vista

Do blog de Josias de Souza – nos bastidores no poder, hoje:

Até mesmo quando melhora o Brasil piora

O PNUD (Programa da ONU para o Desenvolvimento) divulgou nesta quinta um documento de conteúdo cômodo. Permite ao otimista proclamar que o Brasil vive no melhor dos mundos possíveis. E faculta ao pessimista a possibilidade de difundir o receio de que isso é absolutamente verdadeiro.

O documento se chama RDH (Relatório do Desenvolvimento Humano). Faz uma avaliação comparativa da evolução das condições de vida em 177 países. Vale-se de um indicador próprio, o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), que leva em conta a variação das estatísticas de educação, expectativa de vida e PIB per capita.

Pois bem, o Brasil piorou a sua posição no ranking do último IDH. Foi da 68ª posição, que ostentava em 2003, para a 69ª, em 2004. A despeito disso, o documento informa que os brasileiros vêm experimentando uma melhoria nos seus padrões de vida. Anota que, nos últimos cinco anos, o país vem reduzindo a distância entre pobres e ricos. Há menções honrosas ao Programa Bolsa Família.

Mas como explicar que um país que reduziu a pobreza de população amargou uma queda no ranking que mede a qualidade de vida dos povos? Simples. Outras nações evoluem em ritmo mais acentuado do que o Brasil. Considerando-se uma lista de 126 países, o Brasil ainda é a 10ª nação mais desigual do planeta. Está à frente apenas da Colômbia, Bolóvia, Haiti (sempre ele) e um conjunto de países da África Subsaariana.

Há coisas curiosas no levantamento do programa da ONU. Lendo-se o documento (íntegra aqui), descobre-se que 90% da população brasileira já tem acesso a água potável. Em 1990, esse índice era bem menor: 83%. Em contrapartida, só 75% dos brasileiros são alcançados pela coleta de esgoto. Em 90, eram 71%.

Algo como 43,4 milhões de patrícios não têm acesso a saneamento básico. Nessa matéria, o Brasil está abaixo, por exemplo, do Paraguai. O documento da ONU não menciona, mas, de acordo com o censo 2000 do IBGE, divulgado em 19 de dezembro de 2002, há no Brasil 7,5 milhões de domicílios sem banheiro.

O Piauí desponta como a mais vistosa aberração. Lá, 42,93% das casas não contam com sanitários. Nas regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste, menos da metade das residências dispõe de rede de esgoto. Um acinte presente também em favelas à volta de aglomerados urbanos do porte de São Paulo.

Como festejar qualquer tipo de evolução num país em que, no limiar do Século 21, ainda há pessoas sem vaso sanitário? Melhor arregaçar as mangas do que soltar fogos.”

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