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/ Diversos

A conta*

Tony Santos afirma que o advogado Gomes:

1) “tenta colocar em jogo a credibilidade do ATUALIDADE”;

2) “deixa transparecer que é o dono da verdade”;

3) coloca em dúvida a atuação da mídia local;

4) sempre teve espaço na mídia local, “mesmo no tempo em que atacou Dadá”;

5) agora dirige sua fúria para Zé Grilo;

6) “Se […] hoje tem contratos com prefeituras e câmaras municipais de municípios da região é porque sua competência jurídica ficou ainda mais conhecida também através das rádios locais que sempre lhe abriram espaço.”

7) faz constantes ataques “gratuitos” à imprensa local “baseados no fato de profissionais ocuparem cargos no serviço público, mesmo que estes não atuem em programas jornalísticos.”

8) julga injustamente esses profissionais da imprensa porque eles têm o direito de vender “sua competência profissional a quem quer que seja, desde que estejam dispostos a pagar por ela, como o próprio Gomes o faz quando advoga para prefeituras e câmaras.”

9) “Como um político que ainda busca chegar ao poder, […] deve assumir uma postura mais democrática no tratamento com a imprensa local que, como ele mesmo sabe, é feita por pessoas sérias e que apenas querem contribuir para o bem de Ribeira do Pombal, entendendo cada contexto que se apresente.”

Tony Santos é um dos mais brilhantes profissionais da imprensa pombalense. Tenho a felicidade e honra de compartilhar de sua amizade pessoal. Esse vínculo tem sido fortalecido da-a-dia graças a franqueza que marca nossa relação praticamente familiar.

As duras afirmações públicas que acabo de transcrever, muitas entre aspas, só me faz admirá-lo ainda mais, porque sei que Tony o faz de boa-fé com o único objetivo de travar o bom debate.

Há dez anos venho me esforçando para merecer um elogio de Tony – frente à frente. Contudo me consolo com fato de Tony, além de não falar de mim pelas costas, ter-me defendido contra injustas acusações destiladas por quem cinicamente me elogia.

Se neste momento me reporto à postagem lançada por Tony no seu blog, em 23/05/2008, sob o título “Esclarecimentos”, apenas o faço porque sua opinião merece o meu respeito.

A réplica

A argumentação que desenvolverei de agora em diante está intimamente ligada a um conceito fundamental: o de imparcialidade. Como Klaus Günther, entendo que a imparcialidade é um conceito objetivo (impessoal). Diferentemente do de impessoalidade, que é subjetivo (pessoal).

Quando uma pessoa, para chegar a uma determinada conclusão, explora todas as circunstâncias relevantes ao desfecho do argumento, diz-se que essa pessoa é imparcial, porque ela não somente se vale dos “prós”, mas procura também superar os “contra”. Nesse caso, o que conta para a credibilidade do argumento não é a autoridade da pessoa que o formula. Mas o próprio argumento em si, com todas as suas premissas – favoráveis e desfavoráveis.

É partir desse conceito que passo a defender meus posicionamentos que Tony tacha de “gratuitos” e “preocupantes”.

Na verdade todas as afirmações de Tony é parte de um contexto que não está bem explicitado no seu arrazoado. Embora em nenhum momento eu tenha feito qualquer crítica direta a Tony Santos, o espírito de corpo desta feita falou mais alto.

Tony que é radialista e assessor de extrema confiança do prefeito Zé Grilo entendeu por bem chamar para si a responsabilidade de defender seus colegas de rádio e toda imprensa de Ribeira do Pombal que, segundo ele, está sendo injustamente julgada pela fúria do Prof. Gomes.

A atitude de Tony Santos não pode ser senão elogiável. Não poderia esperar outra reação de alguém com tamanho calibre ético. Com outros argumentos, talvez fizesse o mesmo se estivera no seu lugar. Mas o que de fato importa é que num Estado democrático de direito como o nosso não há instituições ou pessoas imunes a críticas, inclusive a imprensa, os profissionais que a compõem e os advogados.

Quanto à primeira afirmação, tenho a ressalvar que a credibilidade do blog Atualidade não depende de mim, mas da do seu próprio autor. A credibilidade funciona como uma muralha inquebrantável capaz de resistir a qualquer cataclismo irradiado da opinião pública. Ainda assim vejo com estranheza tal argumento, a uma, porque não existe razão objetiva que me mova a atacar a credibilidade do blog Atualidade; a duas, não disputo espaço com o blog do amigo Tony Santos a quem incentivei a criá-lo.

Tony sabe que sou um defensor incondicional da liberdade de expressão; fui o primeiro a criar um blog em Ribeira do Pombal justamente para expor minhas idéias e convicções. O Atualidade é talvez uma conseqüência dessa atitude. Jamais censurei comentários com autoria identificada. Sempre me opus e sempre me oporei à arrogância dos poderosos. É estranho, mas se for para invocar um testemunho sou obrigado a arrolar o próprio Tony, que comigo contribuiu para quebrar a famosa “verdade dos pardais”, que era usada contra ele, sua família, e a Pombal FM. Quantas horas de rádio Tony Santos questionamos juntos o efeito teflon do sr. Edvaldo Cardoso Calasans? Não me irrogo, portanto, o “dono da verdade”.

Tony, meu fraterno amigo, ninguém mais do que você conhece vulnerabilidade da mídia local. Eu não precisaria lembrar que você e a Pombal FM são vítimas dessa invulgar relação de amor e ódio que se dá entre imprensa/poder na nossa cidade. Quando não estão em extremos opostos, podem ser vistas no mesmo templo sagrado comungando a mesma hóstia. Durante a gestão de Dadá, o atrito entre as emissoras de rádio e o governo municipal era manifesto. A situação chegou ao absurdo de o então prefeito impor ao comércio local um boicote de veiculação de propaganda na Pombal FM. Ou não?

Por essa e outras razões, as emissoras abriam espaço para quem tivesse disposto a denunciar, a criticar Dadá, inclusive o ora subscritor, a quem agora se cobra uma espécie conta. De fato, nada devo às emissoras de rádio de Ribeira do Pombal. Fui talvez um dos instrumentos que ajudou a salvar a pele de muita gente do meio nesta cidade. Com minha “fúria”, tirei a Canabrava FM do controle de Dadá, com o auxílio da direção da Pombal FM, que me forneceu a prova e se sentia prejudicada. Ainda caí na besteira de entregá-la a pessoas que me elogiavam, mas que até agora não tiveram sequer a hombridade de me devolvê-la.

Os extremos a partir de 2005 uniram-se. De uma relação atribulada passou-se à paz suprema, ainda que incensada com dinheiro. Todas, sem exceção, todas as emissoras de rádio de Ribeira do Pombal comem no prato da viúva, bem como alguns profissionais da imprensa escrita e de radiodifusão. Isso é ruim? Necessariamente, não. Não defendo o eterno conflito entre imprensa e poder. Ademais reconheço que a mídia em geral depende do orçamento público para fechar suas contas. Entretanto, não posso ser obrigado a compartilhar com a subserviência e a pusilanimidade decorrente dessa relação.

Quando eu denunciava Dadá, a atual classe dirigente me chamava de corajoso e os pardais me chamavam de doido. A equação agora se inverteu e estou sendo tachado de “furioso”. Tem gente que vivia sob o meu guarda-chuva, mas agora diz que se eu “tivesse vergonha não lhe falaria”. A situação ainda ficou ainda mais tensa depois que resolvi acionar cerca de doze agentes públicos municipais da atual gestão perante a Justiça Federal.

Efetivamente, não faço ataques “gratuitos” à imprensa local. Gratuito só for no sentido de que não estou cobrando nada por mais esse importante serviço que presto à sociedade pombalense. Por trás das minhas críticas, ao contrário, existe a preocupação de preservar a função fundamental dessa magnífica instituição democrática: a livre circulação dos fatos, das idéias, do pensamento. Em todos os meios existem bons e maus profissionais. Maus! Conheço-os. Mas apenas alguns da minha área: a advocacia.

Na imprensa de Pombal ainda não identifiquei nenhum profissional que ofusque a categoria, embora alguns figurem na folha da Câmara Municipal e outros na da Prefeitura, sem contar os contratos que as emissoras mantêm com a Fazenda Pública. A relação da imprensa com o poder não é necessariamente marcada pela subserviência, desde que a primeira não esconda debaixo do tapete fatos desfavoráveis a este. Ora, se em Ribeira do Pombal isso não ocorre, não tenho alternativa a não ser me render aos respeitosos argumentos de Tony Santos. São as ponderações que faço em relação às afirmações “2 a 7 e 9”.

No tocante à 8ª afirmação, cumpre apontar uma diferença básica entre a atividade de um advogado e a da imprensa. O advogado defende o interesse da “parte” (cliente). É por esse motivo que sua atuação é naturalmente parcial. Por outro lado, qualquer pessoa de bom senso sabe que não é papel da imprensa se submeter aos interesses de seus clientes. A imprensa trabalha com fatos e está eticamente comprometida com a verdade. A imprensa que esconde fatos desfavoráveis a seus clientes é um estorvo à democracia, à liberdade de informação. É “chapa-branca”, imprensa marrom. Se em Ribeira do Pombal isso não acontece, sou obrigado a me render aos argumentos do amigo Tony Santos.

*Publicado sem revisão.

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