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RIO+20: “Desenvolvimento Sustentável” ou “Modo de Vida Sustentável”?

Revisado em 19/06/2012, 17h35

O ser humano é tão estúpido que, raramente, dá-se conta de que pertence ao reino animal, não podendo, portanto, enquanto bicho-homem, viver sem um nicho ecológico, ao modo dos leões, das girafas, das aves, das mulas… A diferença é que estes constituem seus nichos em harmonia com o meio ambiente para conservação e realização da vida, enquanto aquele – o animal humano – o destrói, perturbando o equilíbrio vital do Planeta.

Para salvar-se da iminente extinção, o homem moderno precisa dar-se conta de que qualquer transformação no seu viver, antes, passa pela mudança no seu fenótipo ontogênico[1] ou modo de vida, a começar pelo discurso que o orienta. De fato, é inviável criar um ambiente de colaboração quando se vive na emoção da competição.

O termo “desenvolvimento” evoca a noção positivista de progresso, que tem sido levado a cabo a qualquer custo, ao menos desde a Revolução Industrial. E não deixa de sê-lo apenas porque se lhe adiciona o adjetivo “sustentável”, para se falar em “desenvolvimento sustentável”, com a pretensão de mascarar o visível “desenvolvimento predatório”.

No fundo, o termo “desenvolvimento sustentável” nada mais significa do que um suposto “desenvolvimento sob controle”, cuja dinâmica depende da visão de quem o pratique. A proposta encerra uma espécie de progresso preservador das condições vitais básicas. Ora, uma concepção como essa mantém intacto o status quo da ganância desenvolvimentista. Nada se transforma, enfim.

Sendo assim, reuniões do tipo Rio+20 são aptas a produzir maravilhosos instrumentos simbólicos. Porém, sem qualquer sentido prático, pois nascem e se concluem fadadas ao fracasso, porque o bem-estar da humanidade não se subordina a “desenvolvimento sustentável” algum, mas, sim, ao modo de viver (“modus vivendi”) que guia o ser humano.

Na verdade, o que tem de ser “sustentável” não é o desenvolvimento econômico. Mas, sim, o modo de vida dos agentes econômicos que criam os espaços de convivência nos quais vivemos. Numa linguagem pobre, podemos afirmar, cientificamente, que o “desenvolvimento predatório” é efeito de um “modo de vida predatório” determinado pela emoção de competir  – com a consequente destruição ou negação do outro.

Enquanto cultivarmos um modo de vida determinado pela Verdade do mais forte, num espaço global desprovido do espírito de andar juntos, de construção de um projeto comum, colaborando e respeitando o outro como legítimo outro na convivência, não viveremos senão de expectativas, como tais irrealizáveis, se em conta tivermos que o futuro é apenas uma forma de falar-se do presente.

É o que assumo com base no pensamento super-realista difundido pela Escuela Matríztica de Santiago.



[1] Configuração dinâmica de relações entre o ser vivo e o meio que se estende durante a história particular do organismo desde a sua concepção até a morte.  Em outras palavras, é o perfil do ser humano que vai se configurando durante o seu ciclo de vida, na medida em que interage com o meio.

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