Do blog do Josias, hoje:
Lula em 18 de agosto de 2005, auge do mensalão: “Quero dizer a vocês, com toda a franqueza, eu me sinto traído. Traído por práticas inaceitáveis das quais nunca tive conhecimento. Estou indignado pelas revelações que aparecem a cada dia, e que chocam o país.”
Lula neste sábado, 1º de setembro de 2007, no 3º Congresso do PT: “É verdade que podemos ter cometido erros […]. Mas ninguém nesse país tem mais moral e ética do que nós.”
Lula em 18 de agosto de 2005: “O PT deve pedir desculpas [ao país] por seus erros.”
Lula em 1º de setembro de 2007: “Não temos de quê nos envergonhar. Não tenham medo de ser petistas, de andar com a estrela no peito. O PT é um dos grandes responsáveis pelos passos largos do Brasil rumo à dignidade.”
Como se vê, o Lula de hoje é bem diferente do Lula de dois anos e treze dias atrás. Em tese, teria até mais razões para cobrar dos “traidores” um “pedido de desculpas”. Afinal, há quatro dias o STF converteu em ação penal a denúncia contra os 40 integrantes da “quadrilha” do mensalão.
Onde Lula vê “erros”, o Supremo enxerga indícios de crimes. Onde o presidente observa “moral” e ética”, o tribunal procura corrupção ativa e passiva, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, peculato, gestão temerária e evasão de divisas.
O discurso do presidente à militância petista durou 57 minutos e 25 segundos (ouça aqui, se quiser). Não pronunciou uma mísera palavra de reprimenda. Foi, segundo a interpretação do sítio do PT um “discurso para lavar a alma petista e elevar auto-estima.”
Só não lavou a imundície concentrada na processo que tramita no STF. Mas quem se importa? José Dirceu, o ex-técnico do time, brindado com duas imputações –corrupção ativa e formação de quadrilha—, acha que Lula expressou o sentimento dos delegados” presentes ao 3º Congresso petista.
Para o ex-chefão da Casa Civil, “o partido já fez a autocrítica”. Voltar ao tema do mensalão é, na opinião de Dirceu, “um desvio de foco” que só interessa à direita. O PT, disse ele, “se renova, assume novas bandeiras.” Bandeiras tão oportunas e modernizantes quanto a reestatização da Cia. Vale do Rio Doce.
De resto, o petismo cobra do Ministério Público agilidade na denúncia do mensalão mineiro. Bom, muito bom, ótimo. Mas desnecessário. O procurador-geral Antonio Fernando de Souza está na bica de levar o tucano Eduardo Azeredo ao STF. Aparentemente, não precisa de estímulos externos.
Engraçado mesmo vai ser ouvir o petismo cobrando do tucanato a punição de Azeredo. O ex-governador mineiro alega que, a exemplo de Lula, “não sabia” que o gestor de suas arcas eleitorais, Cláudio Mourão, servira-se de verbas sujas coletadas por Marcos Valério. Uma desculpa esfarrapada. Só é aceitável se analisada segundo os padrões éticos e morais do PT.
Luiz Fernando R. de Sales
05/02/2016
Deivison Conceição
04/11/2015
Gildson Gomes dos Santos
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Luciana Virgília Amorim de Souza
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