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/ Denuncia

Vitória de Dilma em outubro pode ‘limpar fichas dos mensaleiros’

Caso vença as eleições, resta ao PT a estratégia de limpar os nomes dos mensaleiros condenados

Os condenados Zé Dirceu, Valério, Delúbio e Genoino na Ação Penal 470

Não importa se parte da sentença do Mensalão já transitou em julgado; não importa se os mensaleiros estão cumprindo pena, sendo parte dela paga com vaquinhas virtuais ; não importa o chororô do ministro Barbosa. O julgamento do Mensalão ainda não acabou, e a chance de inversão do resultado é real. Basta que o governo, sob o comando do PT, tenha a oportunidade de nomear mais dois ministros. O que não tardará a ocorrer por conta das aposentadorias do patético Celso de Mello e do afobado Barbosa.

Depois de findo o julgamento da Ação Penal 470, poderá os condenados pedir “revisão” da sentença (acórdão), com fundamento no art. 621 do Código de Processo Penal, que a admite quando a “decisão condenatória for contrária à evidência dos autos”. É nesse abismo semântico (evidência dos autos) que os juízes nomeados pelo governo petista manipularão seus legítimos argumentos.

A menos que um poderoso asteroide destrua a Terra futuramente, a possibilidade de os mensaleiros reverter esse jogo “é tão certa quanto o calor do fogo”, como diria o poeta. A única condição para tanto é que o PT permaneça comandando o governo, com Dilma e proximamente com Lula. A derrubada de um pedaço simbólico da sentença condenatória viabilizada pelo patético ministro Celso de Mello é a senha para “el gran finale”: a absolvição total dos mensaleiros petistas.

Para os petistas o que menos importa é o sacrifício da auto-imolação a que se submeteram com fim explícito de mascarar-lhes o cinismo moral. O fundamental é que, ao final, a nódoa que pespega as corruptas biografias de Suas Excelências será eliminada pela revisão criminal, de modo a exibir “vidas imaculadas” nas mídias virtuais e impressos companheiros. Agora, não como bandidos, porém como vítimas. É o que se desenha. E talvez o que o ingênuo ministro Barbosa quis alertar com o seu: “E só o começo”.

Sem embargo, nada disso está sendo em vão. Com efeito, na lógica da cultura patriarcal em voga, nenhuma outra instituição ou entidade, a não ser o PT do Brasil, se submeteria ao vexame de ver sua cúpula dirigente na cadeia. Só a burrice do PT  permitiria a nomeação de promotores de justiça com gana para colocar seus dirigentes no xilindró. Sagaz e mal-intencionado, por exemplo, o PSDB nomeou um “engavetador da República”.

O PT está mostrando também que aquilo que chamamos de Justiça se trata, na verdade, de uma ridícula e rota metáfora. No fundo o Judiciário não é senão uma engrenagem da máquina de manipulação do Poder Público, resultante do devaneio disseminado pela Revolução Francesa. Algo que se faz necessário apenas a quem detém o controle das armas da Nação.

Dentre muitas outras coisas, o PT também mostra que o paradigma de pensamento dominante, inaugurado pela modernidade, é uma farsa útil a quem detém o controle do Poder. O julgamento dos embargos infringentes deixa patente que a decisão judicial não se pauta pela racionalidade, tampouco por valores sociais ditos superiores. Na hipótese, num primeiro momento prevaleceu o cinismo moral de uma maioria claudicante; contudo, num segundo momento (o dos embargos) prevaleceu os interesses do grupo dominante do Poder.

Finalmente, o PT mostra também que esse sistema direitos inventado pela tríade franco-anglo-americana a partir do Século XVIII trata-se de um truque de dominação, porque se aplica apenas segundo a intenção de quem tem o controle da ordem jurídica. Barbosa e Barroso são apenas mecanismos dóceis dessa farsa, que ora agradam a um, ora agradam a outro, ainda que neguem isso.

Não obstante, aguardemos a decisão da revisão para que vejam que não faço aqui nenhum exercício de futurologia, mas tão somente um esforço de coerência, pensado desde os pés…

 

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