SAMU: 192 | Bombeiros: 193 | Defesa Civil: 199 | Polícia Militar: 190 

Publicidade

/ Diversos

Mulheres no poder: uma missão possível

Com boa formação e luz própria, mulheres como Cristina Kirchner formam uma nova geração de governantes

DANIELA MENDES

Hillary Clinton, 60 anos
Candidata à Presidência dos Estados
Unidos

Política: foi uma primeira-dama atuante no governo democrata de Bill Clinton e tornou-se senadora por Nova York em 2000. Milita na área de saúde, direitos da mulher e geração de empregos
Estilo: aposentou os terninhos azuis por sugestão de Anna Wintour, diretora da Vogue América, e hoje dá preferência aos casacos pretos com blusas coloridas por baixo

No Parlamento, onde passou os últimos quatro anos, ela é conhecida como Madame Guillotine (Madame Guilhotina). Na província de Santa Cruz, onde fez carreira política, é La Bruja (A Bruxa) e no restante da Argentina é La Pingüina, em referência à sua origem patagônica. Apelidos não faltam à senadora Cristina Kirchner, eleita em primeiro turno no domingo 28 para suceder o marido na Presidência da República. Mas o que mais traduz sua personalidade (e o que ela mais gosta) é o de Rainha Cristina, título do filme protagonizado por Greta Garbo 70 anos atrás.

Cristina Kirchner assume o comando da Casa Rosada mais forte do que o marido Néstor Kirchner – ela ganhou em todas as províncias, com exceção de Buenos Aires, e tem sólida maioria no Parlamento. Com a consagração nas urnas da semana passada, tornou-se a 12ª mulher a administrar um país na atualidade. Junta-se, assim, à nova geração de poder feminino empossada no ano passado, como a presidente do Chile, Michelle Bachelet, a primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel e a presidente da Libéria, Ellen Johnson-Sirleaf. Time do qual Hillary Clinton, ex-primeira-dama dos Estados Unidos e senadora por Nova York, poderá ser a capitã se vencer as eleições presidenciais do próximo ano.

Michelle Bachelet, 56 anos
Presidente do Chile

Política: dirigiu a Juventude Socialista no governo Allende e foi torturada e exilada na ditadura de Pinochet. Foi ministra da Saúde e da Defesa do ex-presidente Ricardo Lagos, quando ganhou projeção para disputar a Presidência
Estilo: é adepta dos tailleurs, não pinta as unhas e gosta de usar um corte de cabelo prático

Em comum, essas mulheres têm a sólida trajetória política ou acadêmica, como Ellen Johnson-Sirleaf, 67 anos, que é doutora em economia por Harvard e trabalhou no Banco Mundial antes de se tornar a primeira mulher a presidir um país africano. Nenhuma delas herdou de graça o poder do pai ou marido, como era comum no passado. Isabelita Perón, terceira mulher e vice do general Juan Domingo Perón, por exemplo, exerceu a Presidência da Argentina entre 1974 e 1976, após a morte do marido. “O fato de ser mulher do Kirchner não significa que Cristina não tenha sua própria história”, diz Vera Chaia, professora de política da PUC de São Paulo. “Esta é uma geração que tem passado, todas têm mais de 50 anos. São mulheres maduras, com engajamento partidário.” São exemplos importantes para as meninas de hoje, que têm em quem se espelhar quando pensam em fazer carreira política.

Freqüentemente comparada a Evita, primeira mulher de Perón, Cristina prefere ser lembrada pelas semelhanças com Hillary Clinton. Ambas estudaram direito, conheceram os companheiros na faculdade e tornaram-se senadoras por um Estado de projeção, diferente do berço político dos maridos onde viveram depois de casadas. “Ela tem a valentia de uma mulher inteligente e contemporânea, que soube construir um lugar e uma imagem importante, não independente de seu marido, e, sim, coexistindo com ele”, afirma Cristina, que começou a vida política na Juventude Peronista nos anos 70.

Cristina Kirchner, 54 anos
Presidente da Argentina

Política: começou na Juventude Peronista nos anos 70, construiu a carreira política na província de Santa Cruz e é parlamentar desde 1989. Seguirá o modelo econômico social-democrata do marido, que tirou a Argentina de uma grave crise econômica
Estilo: faz duas horas de ginástica por dia, adora blusas estampadas e extravagantes e nunca sai de casa sem maquiagem

Hillary é a grande promessa de poder feminino para 2008. Favorita dos democratas, derrotaria o republicano Rudolph Giuliani por 51% a 43% para a Presidência dos Estados Unidos se as eleições fossem hoje, segundo as últimas pesquisas de intenção de voto. Em um país com tradição de primeiras-damas marcantes, Hillary conseguiu a proeza de sobressair diante de um presidente carismático, de superar a humilhação de ser traída com a estagiária sem posar de coitadinha e mostrar força política para construir uma base política própria a partir de Nova York. Como senadora, é discreta, mas presente. Chega cedo nas sessões, mesmo sabendo que será uma das últimas a falar por ser novata, e milita nas áreas de saúde, direitos da mulher e geração de emprego.

Os desafios de administrar um país, independentemente do sexo do governante, são sempre enormes. Ellen Johnson-Sirleaf tem a missão de reconduzir a Libéria à normalidade após 14 anos de guerra civil. A socialista Michelle Bachelet enfrenta uma onda de protestos, greves, baixa popularidade e inflação alta no Chile. A conservadora Angela Merkel conseguiu dar impulso à Alemanha, o país cresce a mais de 2,3% ao ano, mas, em 2008, a China pode tomar do país o posto de terceira economia do mundo. Cristina Kirchner, dona de um temperamento forte e combativo, também tem muito trabalho pela frente. Controlar a inflação e acabar com a crise de energia, dois legados de seu marido, são suas tarefas mais urgentes.

Angela Merkel, 53 anos
Primeira-ministra da Alemanha

Política: conservadora e afilhada política do ex-chanceler Helmut Kohl, fez carreira no Partido Democrata Cristão como ministra para Assuntos da Mulher, da Juventude e do Meio Ambiente
Estilo: ela admite que a moda não lhe interessa, mas depois que ganhou mais visibilidade passou a usar cores mais vivas, alguma maquiagem e mais tintura no cabelo

Fonte: Istoé 1984, de 07/11/2007

Comentários