Diogo Mainardi, na edição 1953 da revista VEJA:
“Franklin, o “conceituado”
“Franklin Martins alega que seu irmão foi nomeado por Lula porque é um ‘profissionalconceituado na área do petróleo’. Eu acreditotanto na palavra de Franklin Martins quantona de seu companheiro José Dirceu”
No último dia 18, o presidente Lula encaminhou aos senadores a mensagem número 115/06, prorrogando por quatro anos o mandato do irmão de Franklin Martins na ANP. No mesmo dia 18, Franklin Martins anunciou que me processaria por causa da coluna da semana passada, em que citei seu caso para demonstrar a promiscuidade entre jornalistas e políticos.
Franklin Martins alega que seu irmão foi nomeado pelo presidente Lula porque é um “profissional conceituado na área do petróleo”. É exatamente o mesmo argumento usado por todos os responsáveis pelo aparelhamento petista: contrataram apenas profissionais conceituados. Eu acredito tanto na palavra de Franklin Martins quanto na de seu companheiro José Dirceu.
Franklin Martins me desafiou a apresentar um único senador que tenha sido pressionado por ele para favorecer seu irmão. Eu sei que Franklin Martins jamais pediu algo a um senador. Eu sei também que muitos parlamentares jamais pediram o mensalão. Foi-lhes oferecido. Eles simplesmente aceitaram.
O Globo noticiou que o irmão de Franklin Martins foi indicado à ANP pelo governador Paulo Hartung, de quem ele seria “afilhado político”. Paulo Hartung tem outro “afilhado político” na mesma família. Trata-se da irmã de Franklin Martins, Maria Paula. Ela foi licenciada pela ministra Dilma Rousseff para assumir a diretoria-geral da Aspe, a estatal capixaba que regula o setor do gás. A Aspe é ligada à ANP. Ou seja, o irmão de Franklin Martins trata com a irmã de Franklin Martins. É muito “profissional conceituado” para uma família só.
Em 1997, os diretores de O Globo, seguindo as normas internas do jornal, afastaram Franklin Martins da sucursal de Brasília porque descobriram que sua mulher, a psicanalista Ivanisa Teitelroit, arranjara um emprego no gabinete do líder tucano José Anibal. Quase uma década depois, Franklin Martins ainda não conseguiu entender o que há de errado nisso. Tanto que, no atual governo, sua mulher foi nomeada para o cargo de secretária parlamentar do líder petista Aloizio Mercadante, de acordo com o processo número 004884/05-1. Ivanisa Teitelroit não está mais no gabinete de Aloizio Mercadante. Ela agora trabalha numa subsecretaria do Ministério do Planejamento, na sala 207, 2º andar. Mudaram os patrões, mas a prática continuou igual.
Nas últimas semanas, o que mais se comentou no meio jornalístico foi que Franklin Martins teria integrado o comando que quebrou o sigilo do caseiro Francenildo Costa. É nisso que dá empregar familiares no governo.
Jornalistas não estão acostumados a prestar contas a ninguém. Franklin Martins reagiu de modo claramente desequilibrado ao meu artigo. Chamou-me de “difamador”, “leviano”, “anão de jardim”, “doidivanas”, “bufão”, “caluniador”, “tolo enfatuado” e “bobo da corte”. De todos os insultos, só não aceito o último. Quem pertence à corte é ele, que tem o irmão nomeado diretamente pelo presidente da República. Menos adjetivos, jornalista Franklin Martins, e mais fatos.
Franklin Martins não se limita a pertencer à corte: é um súdito fiel. Em seu manifesto contra mim, ele reconhece que tenho o direito de pedir o impeachment de Lula, mas acrescenta que “não posso ficar amuado se alguém, por isso, chamar-me de golpista”. Eu não fico amuado. Pode me chamar de golpista, Franklin Martins. Pode me chamar do que quiser. Eu não sou um “profissional conceituado” da área do jornalismo.”
Luiz Fernando R. de Sales
05/02/2016
Deivison Conceição
04/11/2015
Gildson Gomes dos Santos
04/11/2014
Gildson Gomes dos Santos
27/09/2014
Luciana Virgília Amorim de Souza
25/09/2014